Cerâmica Azul e Branca

Núcleo de Santo André

Inaugura a 19 de abril

Com as viagens oceânicas a partir do século XV, a influência oriental nas artes decorativas ocidentais ultrapassou muito a influência que existia na época das trocas comerciais desencadeadas pela rota das sedas.

A Europa, a partir do século XVI, era já conhecedora da tradição azulejar e das técnicas decorativas aperfeiçoadas do mundo islâmico. As práticas policromáticas da majólica, bem como o prestígio das porcelanas italianas e dos Países Baixos, contribuíram, de algum modo, para o atraso da vaga influenciadora orientalizante na decoração da cerâmica. No entanto, no século seguinte, é já claramente visível a influência do Oriente na produção da cerâmica europeia, tal como o interesse pela importação da porcelana da China, que rapidamente inundou os principais mercados europeus. A chinoiserie é bem visível, se bem que é no decorrer do século XVIII que a porcelana encomendada da China adquire no Ocidente o auge da procura e passa a ser fabricada em larga escala para os mercados europeus e, posteriormente, para os Estados Unidos da América. Embora seja este o período de maior procura pelos ocidentais, devemos ter em conta que, até meados do século XIX, houve um considerável volume de encomendas para o Brasil, através de Portugal.

Quase toda a totalidade da porcelana chinesa do séc. XIX é fabricada na região de Xangai, onde se admite terem existido várias centenas de fornos para a cozedura das porcelanas. Já Cantão, foi um entreposto comercial de grande importância para o comércio entre o Oriente e o Ocidente. Aqui, para além de se negociar a porcelana, procedia-se à sua decoração, muito embora Cantão nunca tenha sido reconhecido como centro produtor.

Em Cantão instalaram-se representantes das diferentes Companhias das Índias Orientais, embora algumas das Companhias tivessem os seus centros financeiros e armazéns em Macau.

Nesta pequena mostra expositiva, a porcelana da China ou tem configuração ou decoração europeia. São de formato europeu as travessas de aba larga, os pratos, as terrinas, chávenas, bules, tigelas, e muitas outras peças que fazem parte dos objetos usados à mesa pelos ocidentais. Para que as peças fossem o mais fiéis possível às ocidentais, tanto no formato como na decoração, era frequente o envio para a China de objetos e desenhos para servirem de modelo. Apesar do formato ser europeu, a ornamentação mantinha-se chinesa, com dragões, tartarugas, fénixes, símbolos de poder, de força e da sorte, sem esquecer as belas composições feitas com as peónias, crisântemos, as flores de ameixieira e de bambu.

Com o passar dos tempos as ornamentações vão se alterando, até serem integralmente feitas ao gosto do comprador europeu.

Apesar das muitas variações da decoração da porcelana da China durante o século XVIII, a mais comum é azul e branca, sobretudo a de Cantão e de Nanquim.

Nas primeiras décadas do século XVIII, a decoração policromada de aba larga, é muito procurada, com destaque para a Família Rosa e Verde, onde o gosto europeu influenciou o fabrico da porcelana da China. Estas decorações são sobretudo chinesas, por isso, só nos interessam as peças que mostram o formato ou motivos europeus - brasões de armas, monogramas ou qualquer outro motivo decorativo. O vivo escuro realçado com dourado foi muito usado na decoração para os Jesuítas, especialmente na 2ª metade do século XVIII. As peças de uso à mesa primavam pela simplicidade na decoração podendo incluir somente uma faixa estreita, um brasão, um monograma, ou simplesmente uma flor.

“Loiça de Encomenda” é a designação que se aplica a todas as peças de porcelana produzidas na China e no Japão destinadas apenas à exportação para a Europa e posteriormente Estados Unidos da América. A exportação era assegurada pelas companhias dos vários países, que intermediavam os contactos com o Oriente.

No século XIX, o estilo “China Azul “é amplamente reproduzido. O que carateriza este estilo são os tons azuis e brancos e o ser constituído por paisagem rústica, com templo, ribeiro, ponte, salgueiro ou chorão. O salgueiro ou chorão é uma das árvores mais populares na China e está carregada de simbolismo, associando-se à beleza e à graciosidade. Os ingleses começaram a reproduzir este padrão na segunda metade do século XVIII.

A popularidade da loiça azul e branca traduz esse gosto e a perenidade da herança da porcelana oriental. A mais notável imagem corresponde à decoração conhecida por Willow, de origem inglesa, que foi reproduzida por toda a Europa até ao século XX. O japonismo abre-se à Europa por volta de 1850 e a consagração desta tendência deu-se durante as Exposições Universais de 1867 e 1878, influenciando igualmente pintores da época, como Claude Monet (1840/1926), no seu quadro Madame Monet, onde esta é retratada com o tradicional kimono japonês, ou  Vincent van Gogh (1853/1890) ou ainda no retrato de Abel Botelho, pintado por António Ramalho. Os impressionistas e pós-impressionistas manifestavam algum fascínio pela cultura japonesa.

Nas artes decorativas, o estilo Arte Nova mergulha nitidamente na influência japonesa, e só a partir de 1920, sensivelmente com o revivalismo de influência egípcia e com as propostas da Arte Deco, esta influência se vai dissipando, mas sem nunca terminar totalmente; o japonismo e a chinoiserie prosseguiram em muitas fábricas europeias.

 

AT

Outras Notícias

foto do item

Diário de Bordo Cultura Açores

O Diário de Bordo Cultura Açores já se encontra disponível nos Núcleos de Santa Bárbara, Santo André e Arte Sacra do Museu Carlos Machado.

foto do item

Do Tempo e das Nuvens

Núcleo de Santo André

foto do item

25 de Abril, sempre

Inauguração no próximo dia 24 de abril, pelas 18h00, no Núcleo de Santo André

foto do item

Clássicos no Museu

28 de abril

17h00

Núcleo de Arte Sacra (Igreja do Colégio)

foto do item

Ao Alcance do Olhar

Inauguração

2 de maio

18h00

Núcleo de Arte Sacra (Igreja do Colégio)