Encontra-se patente no Núcleo da Autonomia dos Açores a mostra "Entre a Pomba e a Águia. As festas do Espírito Santo na Nova Inglaterra", um projeto com curadoria de Catarina Faria, preparado pelo Museu Carlos Machado com o apoio da Direção Regional das Comunidades.
"Esta mostra fotográfica pretende proporcionar a oportunidade de mergulhar na riqueza das festas em terras norte-americanas e ampliar a perspetiva sobre este fenómeno ritual como património vivo, que adquire novas vidas e significados nas suas circulações na diáspora, e no encontro com novas paisagens humanas, culturais e sociais." – Catarina Faria (curadora)
A mostra fotográfica pode ser visitada nos domingos do mês de julho, entre as 15h00 e as 18h00.
ENTRE A POMBA E A ÁGUIA — AS FESTAS DO ESPÍRITO SANTO NA NOVA INGLATERRA
Foi no âmbito de um projeto de investigação* financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Direcção Regional das Comunidades (Açores) que, em 2011 e 2012, Catarina Faria, antropóloga e investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), cruzou o Atlântico rumo à costa Leste dos Estados Unidos da América, com o intuito de fazer o mapeamento das festas do Espírito Santo na Nova Inglaterra. Percorreu todos os Estados de Norte a Sul da região, desenvolvendo a recolha exaustiva de dados etnográficos e históricos das festas e reunindo um vasto conjunto de registos escritos e audiovisuais.
Filha e neta de micaelenses e criada em Ponta Delgada, Catarina Faria em 2019 concebeu uma exposição, denominada Espírito Santo Migrante, gentilmente acolhida pelo Museu Carlos Machado. A curadora concretizou, assim, o desejo de levar ao público em geral e, em específico, aos açorianos que vivem nas ilhas, o resultado de um extenso trabalho realizadono âmbito do projeto acima mencionado, e de através deste, dar a conhecer parte da história dos açorianos de lá e de cá das margens do Atlântico.
Espírito Santo Migrante organizou-se em dois momentos expositivos:
O primeiro, referiu-se às origens das festas do Espírito Santo e aos seus trajetos desde os Açores até à diáspora açoriana na costa Leste dos Estados Unidos; e o segundo, foi inteiramente dedicado às festas do Espírito Santo nessa região da América do Norte, a Nova Inglaterra. Foi concebido um catálogo que seguindo a lógica da narrativa expositiva se assumiu como um veículo de aprofundamento dos seus conteúdos.
Entre a Pomba e a Águia - As festas do Espírito Santo na Nova Inglaterra, apresenta parte das fotografias que integraram o segundo momento expositivo de Espírito Santo Migrante.
Esta mostra fotográfica pretende proporcionar a oportunidade de mergulhar na riqueza das festas em terras norte-americanas e ampliar a perspetiva sobre este fenómeno ritual como património vivo, que adquire novas vidas e significados nas suas circulações na diáspora, e no encontro com novas paisagens humanas, culturais e sociais. East Coast of the United States; and the second part was entirely dedicated to the Holy Ghost feasts in that region of North America: New England.
As festas do Divino Espírito Santo na Nova Inglaterra, procuram reproduzir as diversas etapas rituais das festividades nas terras de origem, na medida em que estas se tornam para os açorianos e os seus descendentes, um meio privilegiado de ligação às suas raízes e ao seu património cultural e identitário açoriano.
As festas adquirem, por um lado, um papel fundamental na criação de laços e redes de apoio entre compatriotas e na afirmação de uma identidade açoriana na sociedade multicultural norte-americana, por outro lado, elas também refletem a ligação à cultura americana à qual pertencem e que trouxe novas dinâmicas e elementos aos rituais, como são exemplo, a figura da queen e das misses nos cortejos e rituais principais.
Nesta paisagem feita de paradoxos se desvenda a exposição, entre a pomba e a águia
* Entre 2010 e 2014 decorreu o projeto de investigação denominado “Ritual, Etnicidade, Transnacionalismo: as festas do Espírito Santo na América do Norte”, com a coordenação do Professor Doutor João Leal e a colaboração de um conjunto de investigadores da área das Ciências Sociais, pertencentes ao Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) e à University of Massachusetts Dartmouth, com o financiamento das entidades já acima referenciadas.
BIOGRAFIA DA CURADORA
Catarina Faria é antropóloga, licenciada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e com mestrado em Culturas Visuais pela mesma faculdade. Formou-se também em Fotografia pelo Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co) em Lisboa. Foi duas vezes bolseira de investigação do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) no âmbito do projeto de investigação, “Ritual, Etnicidade, Transnacionalismo: as festas do Espírito Santo na América do Norte”. Fez parte, como bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), do Programa de Doutoramento em Antropologia: Políticas e Imagens da Cultura e Museologia, promovido pela FCT conjuntamente com a NOVA FCSH e ISCTE e em articulação o CRIA, INET-md e IELT– três centros de investigação com pesquisa consolidada nas áreas da antropologia, etnomusicologia e literaturas tradicionais. Tem vindo a debruçar-se sobre o tema das migrações, mais especificamente, da emigração portuguesa continental e açoriana, aliando sempre a antropologia e o estudo da cultura com os seus interesses pela componente visual e artística.
