Com início do século XVI, as romarias quaresmais de São Miguel ocorrem todos os anos durante o período da Quaresma. Os ranchos de romeiros percorrem a ilha durante uma semana, visitando as igrejas e as ermidas dedicadas a Nossa Senhora, e outros templos de distintas invocações.
Fazem parte do traje dos romeiros: o xaile e o lenço, para proteção do frio e das intempéries, o bordão para apoiar e facilitar o caminhar do peregrino pelas veredas e atalhos acidentados da ilha, a saca para transportar roupa e alimentos, e o terço do rosário para a oração durante o decurso de toda a romaria.
Embora o traje tenha originado das necessidades puramente físicas do romeiro em peregrinação, este transformou-se com o decorrer do tempo em simbolismos místico-religiosos: O bordão relembra o cetro entregue a Cristo pelos romanos no seu julgamento ante Pilatos, o xaile a Sua Túnica, o lenço a coroa de espinhos do Seu suplício e o saco a Cruz a caminho do Calvário.
Estes elementos caracterizam os romeiros e cada um se compromete a trazê-los. Para além da função utilitária que têm, constituem também um referente emblemático da identidade do romeiro e das romarias quaresmais de S. Miguel. 2024 [SFS]